10/08/2012

Os Perfumes Masculinos Mudaram...





Perfumes Masculinos costumam ter um padrão amadeirado, com aroma mais seco do que os usados pelas mulheres. Ainda hoje existem homens que não gostam muito de se perfumar, se limitando apenas a usar uma loção pós- barba e desodorantes.
Entretanto, nem sempre foi assim. Houve uma época em que o uso de perfumes era obrigatório. É verdade, isso aconteceu na Babilônia, uns duzentos anos antes da Era Cristã por decreto de um governador chamado Hammurabi, aquele mesmo do Código. Todos tinham que se banhar em perfumes, tanto homens quanto mulheres.
Isto pelo mesmo motivo que Napoleão costumava usar 54 vidros de perfumes ao mês. Disfarçar o odor causado pela falta de higiene, que à época era rara.
O rei Luís XIV da França ordenou que os membros de sua corte deveriam usar um perfume diferente a cada dia. A princípio pode parecer que tal ordem tivesse como motivo bons hábitos, mania de limpeza ou coisa assim. Lamento informar que era justamente o contrário. Consta que durante os setenta e sete anos em que viveu, ele deva ter tomado apenas uns cinco banhos de corpo inteiro, no máximo.
 Este tipo de banho como conhecemos, além de ser considerado imoral pela Igreja também era tido como perigoso, pois a água quente abria os poros e por ali poderiam entrar as doenças. Assim, a sujeira acumulava-se na pele para “proteger” as pessoas contra a invasão de germes e vírus. De qualquer forma, a fim de mascarar os odores que incomodavam, ele se enchia de perfumes à base de almíscar e patchouli.
No Século XVII o banho ainda era considerado assim – um perigo! Eles achavam que a dilatação dos poros causada pela água, além deixar o corpo vulnerável a fatores externos, poderia causar a perda da energia vital, pois os humores corporais poderiam se esvair através deles. Mulheres grávidas, então, nem pensar em banho, pois poderiam perder o bebê, segundo acreditavam.
O Século XVIII encontrou a situação deste mesmo jeito e só no ano de 1750 o banho frio foi liberado para fins terapêuticos, já que os médicos da época concluíram, após vários estudos clínicos, que tal prática fortalecia os músculos, estimulava o funcionamento dos órgãos e até ajudava o estado de ânimo de um indivíduo.
De qualquer forma, a falta de banho estabelecida até então,  só fazia aumentar o uso de perfumes, pois estes eram usados não só para mascarar os odores, mas também como desinfetantes.
Em 1709 na cidade alemã de Colônia, Giovanni Maria Farina inventou a Água Milagrosa, que era capaz de curar todos os males, desde dor de dentes à peste, segundo acreditavam.
Em 1792 Wilhens  Mülhens recebe de presente de casamento das mãos de  um monge a fórmula secreta da Acqua Mirabillis (era esse o nome original), – que segundo reza a lenda, era o verdadeiro inventor da fórmula, de quem Farina havia copiado a receita secreta.
 Assim, resolve fundar uma pequena empresa para fabricá-la. Mas, como nem tudo são flores, as coisas começam a não cheirar bem para o lado do Sr. Mülhens, pois Napoleão em 1810 resolve decretar que toda e qualquer receita de remédio deveria ser revelada.
Assim, o Sr. Mulhens achando injusto, modificou  a receita original, passando a  fabricar o que hoje conhecemos como água de colônia, apenas para uso externo e não mais como remédio.
Os oficiais franceses a utilizavam para refrescarem-se, pois sua composição era (e ainda é) bastante leve, pois é feita a partir de notas cítricas e frescas como limão, bergamota, laranja, alecrim, lavanda e néroli, que vem a ser a flor da laranjeira. O registro oficial deste perfume se deu em 1845. O curioso é que na realidade, a água de colônia não pode ser considerada colônia devido à sua composição, pois  tem mais de 5% de compostos aromáticos, portanto trata-se de uma água de toilette.
Enfim, no Século XIX com avanços da química moderna e mudanças nos padrões de comportamento, estabeleceu-se um padrão na  indústria cosmética.
Costumamos ver o perfume mais ligado à figura do feminino, porém como pudemos ver, não é bem assim que a banda toca. É claro, houve e ainda há pessoas que continuam com esta visão equivocada.
Podemos ver no Século XX, a partir da década de 1920 mais mudanças nesse sentido. O ator Rodolfo Valentino, ícone das telas de cinema foi o primeiro símbolo sexual masculino, do tipo considerado “latin lover”, surgiu nas telas hollywoodianas no cinema mudo como dançarino, e fora dela era muito assediado pelas mulheres que, segundo consta, enlouqueciam ao sentir seu perfume refrescante com aroma cítrico, criando tendência à época, pois de alguma maneira, fez com que outros homens se permitissem usar perfumes. Naqueles tempos homens usavam quase que rigorosamente apenas aromas cítricos e amadeirados, até porque à época não restava muita escolha para o público masculino.
Já em 1930, durante a Depressão, surgiu nos Estados Unidos o que hoje conhecemos como loção pós-barba. Foi um sucesso estrondoso, que como podemos ver, seu uso foi um costume que se estabeleceu e continua até hoje.
Só a partir dos anos 1960 é que a indústria cosmética realmente aventurou-se a investir em perfumes masculinos, devido à grandes mudanças no campo social, econômico e industrial. Nesta década surgiram várias fragrâncias masculinas.
A década de 1970 trouxe para o mercado uma infinidade de perfumes masculinos e isto vem acontecendo cada vez mais freqüentemente, já que não só a indústria modificou-se, mas o padrão comportamental masculino também. Aliás, o comportamento da indústria é uma conseqüência da mudança dos homens.
E agora, em 2012 me atrevo a dizer que mudará muito mais, pois pelo que pudemos perceber através da última pesquisa de mercado patrocinada pela Kesali Cosméticos, o homem de hoje não tem mais conceitos pré-estabelecidos com relação ao assunto. Saiu da crença de que perfume de homem precisa ser seco, amadeirado e cítrico. Pelo contrário, se permite demonstrar uma maior sensibilidade através de perfumes mais florais, porém com atitude, sempre com temperos de especiarias exóticas.
Pelo menos é o que demonstra a pesquisa e nossa experiência pessoal. Com vocês, a palavra final.

Valéria Trigueiro

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